Genética

Mutações Genéticas - Doenças Genéticas

Sexta-feira, 04 de Junho de 2010

Anemia Falciforme

História

 

A Anemia Falciforme, também chamada de drepanocitose, tem origem desconhecida, mas provavelmente desenvolveu-se em África, há milhões de anos atrás.

 

As evidências levam a crer que a doença surgiu como autodefesa do organismo humano para se proteger da malária, doença comum e muito séria nas regiões de clima quente. Pelo prisma evolucionista a mutação genética do gene da hemoglobina é um dispositivo visível e comprovável da adaptação das espécies ao ambiente.

 

O que é?

 

A Anemia Falciforme  é uma doença  hereditária  que causa a destruição dos glóbulos do sangue. As hemácias, que são os glóbulos vermelhos do sangue,  têm na sua composição uma proteína chamada hemoglobina, que é responsável pelo transporte de oxigénio dos pulmões até os tecidos do corpo.

 

As pessoas com anemia falciforme herdam genes para um tipo de hemoglobina, a hemoglobina S. Este tipo de hemoglobina, quando submetida a baixas quantidades de oxigénio, deforma-se, tornando a hemácia rígida e com uma aparência de foice (desta razão deriva o nome falciforme). Deste modo, estas hemácias (com o formato de foice) não conseguem atravessar os vasos sanguíneos do corpo, conduzindo a bloqueios na circulação sanguínea, produzindo danos nos tecidos (por falta de oxigenação e nutrição, ou seja, a quantidade de oxigénio nos tecidos e nos órgãos diminui), e intensa dor. Há uma maior susceptibilidade a infecções e em alguns casos pode levar a uma morte precoce.


comparação entre globulos vermelhos normais com globulos afectados pela anemia falciforme

 

Os portadores desta doença são homozigotas, ou seja, apresentam um gene para a doença herdado de ambos os pais, genótipo aa. Deste modo, quando uma pessoa herda só um gene da anemia falciforme de um progenitor, a mesma não desenvolve a doença, isto é, as pessoas heterozigotas, genótipo Aa, não apresentam esta doença, apenas são portadoras da mesma.

 

Causa: A anemia falciforme é uma mutação génica, há a substituição (no cromossoma 11), de um nucleótido por outro (Timina por Adenina). É codificado o aminoácido valina em vez do ácido glutâmico.

 

Sintomas/ Modificações físicas:


Uma pessoa com anemia falciforme tem todos os sintomas de uma anemia comum.

Podendo-se destacar a fadiga, a fraqueza, e a palidez (principalmente nas conjuntivas e palmas das mãos - o que torna bastante difícil a visualização, já que estas geralmente são as únicas partes que permanecem claras em indivíduos mais escuros, mesmo quando estes estão em situação de plena normalidade médica).

 

Contudo, há a presença de um conjunto de sintomas característicos da anemia falciforme aguda, que são causados pelo aumento da viscosidade sanguínea, isto é, aglomeração de hemácidas em forma de foice, que pode ocorrer nas mais diversas áreas do organismo, podendo causar crises de intensa dor em regiões musculares ou conjuntivas.

 

Tratamentos e Locais de Tratamento


A doença é para toda a vida.

O reconhecimento de que esta alteração é na molécula da hemoglobina, e que propicia mudanças críticas no glóbulo vermelho, fez com que a ciência soubesse da existência de doenças moleculares e hereditárias. Mas, não há tratamento específico para esta anormalidade da hemoglobina.

 

A doença pode ser evitada somente através de um intenso aconselhamento genético da população de risco. As crises não podem ser evitadas.

Como, na infância, a infecção parece predispor a crises, todas as infecções devem ser prontamente tratadas ou evitadas quando possível. Visto que a desidratação e hipoxia (baixo teor em oxigénio) facilitam o afoiçamento, os pacientes devem ser orientados a evitar altas altitudes, anestesia ou perda de líquidos. Por causa do distúrbio renal, esses pacientes podem facilmente ficar desidratados.

 

Quando ocorre uma crise, os pilares do tratamento são a hidratação e a analgesia (é uma forma de controlar a dor baseada na administração de substâncias por via epidural). A maior ingestão de líquido auxilia a diluição do sangue e a reversão da aglutinação das células falciformes dentro dos pequenos vasos.

 

Os pacientes e famílias podem aprender a tratar as pequenas crises em casa, mas, se não houver um alívio após várias horas, pode ser necessária a internação hospitalar. Os pacientes muitas vezes têm febre e leucocitose juntamente com a crise; assim poder-se-á suspeitar de infecção, apendicite, ou colecistite, que devem ser afastadas. Muitas vezes são necessários analgésicos narcóticos por causa da intensidade da dor. Técnicas de relaxamento, exercícios respiratórios, estimulação nervosa transcutânea, e hidromassagem podem ajudar alguns pacientes.

 

As transfusões devem ser reservadas para situações particulares:

  • Crise aplástica, quando a hemoglobina do paciente cai rapidamente;
  • Grave crise dolorosa que não responde a qualquer tratamento após vários dias;
  • Como medida pré-operatória, para diluir o sangue com células falciformes;
  • Algumas vezes durante a segunda metade da gravidez, numa tentativa de evitar as crises.

Testes de Diagnóstico:


O diagnóstico definitivo de anemia falciforme pode ser feito com:

  • Um exame de sangue chamado eletroforese de hemoglobina;
  • Teste do pezinho.

Curiosidades

    • Há um aumento drástico no número de infecções.
    • Alguns pacientes só têm sintomas leves, com menos de uma crise por ano; enquanto outros têm sintomas mais severos com mais de uma crise por mês.
    publicado por Equipa do Blog às 09:02
    Sexta-feira, 04 de Junho de 2010

    Albinismo

    O que é?


    O albinismo é uma doença do foro genético em que há um defeito na produção pelo organismo de melanina.

     

    Nos indivíduos ditos normais, o organismo transforma o aminoácido tirosina na substância conhecida por melanina. Para que haja produção de melanina devem ocorrer uma série de reacções enzimáticas (metabolismo) por meio dos quais se opera a transformação do aminoácido Y (chamado por tyr) em melanina, por intermédio da acção da enzima tirosinase.

     

    Os indivíduos que padecem de albinismo têm este processo interrompido, pois a sua enzima tirosinase não apresenta qualquer actividade.

    Esta doença, por ser do foro genético, é hereditária, pelo que é transmitida de várias formas:

    • Autossómica recessiva;
    • Autossómica dominante;
    • Quando ligado ao cromossoma X, apenas afecta os homens.

    Esta doença é dividida em 3 tipos:

    • Oculocutâneo – o chamado também completo ou total, que é o que afecta o corpo inteiro.
    • Ocular – neste tipo, apenas os olhos sofrem despigmentação.
    • Parcial – o organismo produz melanina na maior parte do corpo, mas em outras partes do corpo isto não acontece, como nas extremidades superiores.

     

    Sintomas

     

    Como o albinismo apresenta vários tipos, os sintomas dividem-se por esses mesmos tipos:

     

    • Oculocutâneo :
      • Cabelo e pele brancos;
      • Olhos de tom rosado;
      • Nistagmus (movimento rápido dos olhos);
      • Fotofobia (evitam a luminosidade devido ao desconforto);
      • Diminuição da capacidade visual;
      • Cegueira funcional.

    crianças albinas

    • Ocular
      • A cor da íris pode variar entre azul e verde, mas, também, em castanho claro;
      • A fóvea (responsável pela acuidade visual) desenvolve-se menos, devido a falta de melanina, que tem um papel importante no desenvolvimento dos olhos num feto.
    • Parcial
      • Despigmentação parcial da pele, olhos e íris;

    Tratamentos

     

    O tratamento deste distúrbio, dependendo da sua intensidade, baseia-se na diminuição/alívio dos sintomas.

     

    Ao nível visual é aconselhável a utilização de óculos de sol com protecção U.V. a fim de aliviar a fotofobia.

     

    A nível corporal, o portador desta doença deverá usar sempre protector solar (de factor bastante alto) e cobrir o corpo com roupa quando exposto ao sol, o que fará com que o risco de queimaduras seja diminuído.

    publicado por Equipa do Blog às 09:00
    Sexta-feira, 04 de Junho de 2010

    Sindrome de Bloom

    O que é?

     

    A síndrome de Bloom é uma doença autossómica recessiva rara. É caracterizado por quebras e rearranjos nos cromossomas das pessoas infectadas, fotossensibiliidade, crescimento lento, imunodeficiência (incapacidade do sistema imunitário responder com eficácia aos agentes patogénicos) e aumento do risco de tumores.


    criança com sindrome de Bloom

     

    Essas quebras e rearranjos nos cromossomas são responsáveis pelo fenótipo dos indivíduos com a síndrome de Bloom.

     

    Sintomas


    A síndrome de Bloom afecta o ser humano em várias formas. Os indivíduos têm graves problemas de crescimento. A média de altura é cerca de 151 cm. Manifestam lábios inflamados, podendo haver sangramento. Os olhos e os vasos sanguíneos podem estar inflamados. Têm uma voz bastante aguda. A falta da gordura subcutânea contribui para um rosto comprido e estreito e nariz e orelhas grandes. Apresentam membros longos em comparação a pessoas normais.

     

    Também apresentam um retardo metal moderado, com dificuldades na aprendizagem. Quer mulheres, quer homens são inférteis. Foi observado a deficiência de imunoglobulinas (IgA, IgG e IgM). A IgA encontra-se essencialmente nas lágrimas, na saliva, na secreção nasal, no suor, no suco intestinal e no muco que reveste as mucosas, impedindo a penetração de germes patogénicos. A IgG é o mais abundante no soro humano e tem um papel vital na protecção do recem-nascido contra infecções. A IgM tem uma função aglutinante e citolítica.

     

    Esta deficiência de imunoglobulinas aumenta o risco de cancro, pneumonias, leucemias e linfomas.

     

    A média de idade de sobrevivência de doentes é cerca de 23 anos. O doente que sobreviveu por mais tempo foi um homem de 48 anos.

     

    Testes de diagnóstico


    Um dos testes que podem ser efectuados para verificar se o indivíduo contraiu a doença é a observação dos sintomas. Se manifestar grande parte destes sintomas acima referidos a probabilidade de estar doente.

     

    Outro teste é a análise dos cromossomas do indivíduo. São cultivadas as células do indivíduo num meio de cultura apropriado. São estudadas células como os linfócitos, fibroblastos (células presentes na derme) e células que estão em suspensão no líquido amniótico.

     

    Um outro teste que existe é o SCE (Sister Chromatid Exchanges). Este teste permite uma troca de material genético entre dois cromatídeos de um cromossoma durante o processo de divisão celular. É semelhante a um crossing-over, mas a única diferença é que enquanto o crossing-over é uma troca de segmentos de DNA entre dois cromossomas homólogos, este teste há troca de material genético entre os cromatídeos de um cromossoma.

     

    Tratamento


    Não existe tratamento para esta doença actualmente. Existem alguns métodos para atenuar os sintomas. Recém-nascidos e crianças têm pouco apetite. Isto muito provavelmente contribui para o tamanho do ser. Consequentemente são pouco nutridas, estando mais sujeitos a infecções.

     

    Também já se tentou administrar hormonas de crescimento mas foram pouco eficazes.

     

    Além disso tenta-se eliminar tumores ou cancros, mas a hipersensibilidade dos indivíduos obriga aos doutores a reduzirem a quantidade de radiação.

     

    Locais de tratamento

     

    Em Portugal, não existem locais de tratamento.

     

    Curiosidades

    • A zona do mundo mais afectada por esta doença é o Leste da Europa. Pensa-se que 1 em 48.000 pessoas são afectadas nesta região.
    • Já houve casos no Japão e nos EUA.
    • Trata-se de uma doença autossómica recessiva, isto é, a criança recebe de cada um dos progenitores um gene que contém a informação da patologia.
      • Se os dois progenitores forem normais, o filho terá 0% de ser afectado pela patologia.
      • Se um dos progenitores for normal e o outro apresentar um dos genes, o filho destes terá 50% de probabilidade de ser normal e não portador da doença ou 50% de probabilidade de ser portador não afectado.
      • Se os progenitores forem portadores da doença, a criança terá 25% de ser normal não portador, 50% de ser portador não afectado ou 25% de afectado.
      • Se os dois progenitores são doentes, o filho terá 100% de ser afectado pela doença.
    • Trata-se de uma mutação no gene BLM.
    • A síndrome de Bloom ocorre nos primeiros meses de vida.
    publicado por Equipa do Blog às 08:59
    Quinta-feira, 03 de Junho de 2010

    Sindrome de Down

    O que é?

     

    É a trissomia do cromossoma 21.

    A sindrome de Down é a forma mais frequente de atraso de desenvolvimento intelectual causada por uma alteração cromossómica microscópicamente demonstrável. É caracterizada por história natural e aspectos fenótipos bem definidos.


    criança portadora de síndrome de Down


    É causada pela ocorrência de uma mutação cromossómica numérica ao nível do cromossoma 21, na sua totalidade ou uma porção fundamental dele.

    A sua descoberta data de 1866 por John Langdon Down. Este médico inglês descreveu as características desta síndrome, que acabou por ser denominado com o seu nome. Ele descobriu que a causa da síndrome de Down era genética.


    Foi identificada pela primeira vez pelo geneticista francês Jérôme Lejeune em 1958. O Dr. Lejeune dedicou a sua vida à pesquisa genética visando melhorar a qualidade de vida dos portadores da trissomia do 21.

    A sindrome de Down envolve uma combinação específica das características fenotípicas que inclui atraso no desenvolvimento intelectual e uma face típica, é causada pela existência de três cromossomas 21 (um a mais do que o normal), sendo, desta forma uma anomalia cromossómica mais comum em nascidos vivos.

     

    Causas:

     

    O síndrome de Down pode ter quatro origens:

     

    • Erro na divisão Meiótica

    Cariótipos: 47, XY, +21; ou 47, XX, +21.

     

    cariótipo de um portador de síndrome de Down

     

     

    Nestes casos os pacientes apresentam em todas as suas células 47 cromossomas e não 46, e o cromossoma extra é do par 21. Ocorre por acidente genético, mais precisamente, um erro na divisão meiótica por parte do gâmeta da mãe.. O factor de risco conhecido que mais se associa a este acidente é a idade materna elevada (idade maior que 35 anos). No entanto, como o número de mulheres jovens que têm filhos é muito maior, a maioria dos pacientes Down com trissomia livre são filhos de mães jovens. Como se deve a um acidente genético, não é familiar e o risco de recorrência em futuras gravidezes do casal é de 1 a 2% (um a dois por cento).


    Esta é a causa apontada em 95% dos casos observados de síndrome de Down.

    Este cariótipo é encontrado em aproximadamente 92% dos casos de Síndrome de Down.

     

    • Translocação Robertsoniana

    O material extra poderá ser proveniente de uma translocação Robertsoniana, isto é, o braço longo do Cromossoma 21 liga-se topo a topo com outro cromossoma acro cêntrico (cromossomas 13, 14, 15, 21 ou 22), podendo haver assim variabilidade na região extra. A mutação pode ser uma mutação de novo e pode ser herdada de um dos progenitores que não apresenta a doença pois tem uma translação Robertsoniana equilibrada. Por disjunção normal na meiose os gâmetas são produzidos uma cópia extra do braço longo do Cromossoma 21. Esta é a causa de 2 - 3% das síndromes de Down observadas. É também conhecida como "síndrome de Down familiar".

    • Mosaicismo

    O indivíduo pode ser um mosaico de células com arranjo genético normal e células com trissomia 21. Esta é a causa apontada em 1 - 2% dos casos analisados de síndrome de Down.

    • Duplicação de uma porção do cromossoma 21

    Muito raramente, uma região do cromossoma 21 poderá sofrer um fenómeno de duplicação. Isto levaria a uma quantidade extra de genes deste cromossoma, mas não de todos, podendo assim haver manifestações da Síndrome de Down.

     

    Sintomas e Modificações

     

    Alguns tipos de Leucemia e a reacção leucemóide tem incidência aumentada  na sindrome de Down. Estimativas do risco relativo de Leucemia têm variado de 10 a 20 vezes mais do que a população normal; em especial leucemia negacariocítica aguda ocorre 200 a 400 vezes mais nas pessoas com síndrome de Down do que na população cromossómicamente normal.


    O período neonatal é crítico para a própria sobrevivência do paciente Down.

    Frequentemente a Síndrome se associa a diversas anomalias congénitas que determinam um aumento na morbidade e mortalidade neonatais e nos primeiros meses de vida.

     

    As mais frequentes são as seguintes:

     

    • MALFORMAÇÕES CARDIOVASCULARES

    As malformações cardiovasculares são as anomalias congénitas mais frequentes na Síndrome de Down, afetando 40 a 50% dos pacientes.

     

    As mais comuns são as seguintes:

    • Defeitos do septo atrio-ventricular.
    • Defeitos do septo ventricular.
    • Persistência do ducto arterial.
    • Defeitos do septo atrial.

     

    O diagnóstico preciso deve ser realizado através do ecocardiograma. Mesmo nos pacientes assintomáticos este exame deve ser realizado até o sexto mês de vida.


    As principais mal formações congénitas são: as do coração (30%-40% em alguns estudos), especialmente persistência do canal  atrioventricular, e as mal-formações do tracto gastrointestinal, como estenose  ou atresia do duodeno, imperfuração anal, e doença de Hirchsprung.


    A maioria destas malformações pode ser cirurgicamente corrigidas, diminuindo sobremaneira a morbimortalidade.

     

    • ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS

    Aproximadamente 0,7% dos recém-nascidos Down apresentam hipotiroidismo congênito, conferindo uma importância maior ao teste de triagem para esta patologia.

     

    • ANOMALIAS GASTROINTESTINAIS

    Aproximadamente 12% dos pacientes apresentam anomalias gastrointestinais. As mais comuns são:

      • Atresia de duodeno.
      • Pâncreas anular.
      • Doença de Hirschsprung.
      • Atresia anal.
      • Fístula traqueoesofágica.
      • Estenose pilórica.
    • ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS

     

    As mais frequentemente encontradas são:

      • Reação leucemóide.
      • Policitemia.
      • Trombocitopenia.
      • Eritroblastose fetal.
      • Leucemia neo-natal.

     

    • PROBLEMAS OFTALMOLÓGICOS

    Os mais frequentes são:

      • Nistagmo.
      • Estrabismo.
      • Opacificação de córnea.

    Quando presentes deve ser solicitada uma avaliação oftalmológica.

     

     

    • PROBLEMAS OTORRINOLARINGOLÓGICOS

    Há uma incidência aumentada de deficit auditivo neuro-sensorial congénito e nos primeiros meses deve-se estar atento para esta possibilidade.

    Pode haver colecções líquidas no ouvido médio em até 15% dos recém-nascidos que são difíceis de visualizar pelo calibre do conduto auditivo.

     

    • ANOMALIAS UROGENITAIS

    Além de criptorquia e hipospádia há uma frequência maior de malformações de rins e ureteres.

     

    • DIFICULDADES ALIMENTARES

    A amamentação nos primeiros dias pode ser dificultada por problemas anatómicos e pela hipotonia muscular. Há uma melhora progressiva até a terceira ou quarta semana de vida.

    Há uma certa tendência para a obesidade.


    As principais mal formações congénitas são: as do coração (30%-40% em alguns estudos), especialmente persistência do canal atrioventricular, e as mal-formações do tracto gastrointestinal, como estenose ou atresia do duodeno, imperfeição anal, e doença de Hirchsprung.


    Alguns tipos de Leucemia e a reacção leucemóide têm incidência aumentada na sindrome de Down. Estimativas do risco relativo de Leucemia têm variado de 10 a 20 vezes mais do que a população normal;  em especial leucemia negacariocítica aguda ocorre 200 a 400 vezes mais nas pessoas com síndrome de Down do que na população cromossomicamente normal.


    Apesar de haverem várias modificações a nível morfológico, as pessoas afectadas por esta doença, têm, hoje em dia, uma esperança média de vida que ronda entre os 60 a 70 anos.


    É sabido, há muito tempo, que o risco de uma criança com trissomia 21 aumenta com a idade materna. Por exemplo, o risco de um recém-nascido com síndrome de Down, se a mãe tem 30 anos é de 1 em 1.000, se a mãe tiver 40 anos, o risco é de 9 em 1.000.


    Na população em geral, a frequência de síndrome de Down é de 1 para cada 650.a 1000 recém-nascidos vivos e cerca de 85% dos casos ocorre em mães com menos de 35 anos de idade.

     

    Testes de diagnóstico

     

    Em ordem a prever a possibilidade de um casal ter um filho portador desta doença é possível realizarem-se vários testes , em determinados estádios do desenvolvimento do indivíduos.

     

    Diagnóstico pré-natal

     

    O diagnóstico pré-natal permite, durante a gravidez, saber se o feto é ou não acometido pela Síndrome de Down.

     

    As principais indicações para o diagnóstico pré-natal são:

    1.Idade materna acima de 35 anos.

    2.Filho anterior com Síndrome de Down.

    3.Um dos pais portador de translocação cromossómica envolvendo o cromossoma 21.

    4.Malformações fetais diagnosticadas pelo ultra-som.

    5.Testes de triagem pré-natal alterados.

     

    Os três métodos utilizados são os seguintes:

    1.Coleta de vilosidades coriónicas

    (após 9 semanas de gravidez).

    2.Amniocentese (após 14 semanas de gravidez).

    3.Cordocentese (após 18 semanas de gravidez).

     

     

    TESTES DE TRIAGEM - SCREENING PRÉ-NATAL

     

    São testes não invasivos que permitem suspeitar que determinada gravidez, não incluída nas indicações de diagnóstico pré-natal, possa resultar em um recém-nascido com Síndrome de Down.


    Os mais utilizados são as dosagens de alfa-fetoproteina, estriol não conjugado e gonadotrofina coriónica no soro materno, denominado tri-teste, e a medida da translucência nucal.


    Estes testes não são ainda utilizados rotineiramente em nosso meio, mas alguns centros e serviços já os estão introduzindo. Caso haja interesse em realizá-los, recomendamos que sejam procurados geneticistas e obstetras com formação em medicina fetal.

     

    É importante lembrar que um teste de triagem alterado não significa diagnóstico de Síndrome de Down no feto. Eles são apenas marcadores de risco e quando alterados, está indicado o diagnóstico pré-natal pelas técnicas tradicionais.

     

     

    Diagnóstico Pós-Natal

     

    O diagnóstico da Síndrome de Down é estabelecido com base em uma série de sinais e sintomas, sendo posteriormente confirmado pelo estudo cromossómico.

     

    É importante salientar os seguintes aspectos:

    1.Geralmente o paciente com Síndrome de Down apresenta diversas destas características, mas algumas vezes ele apresenta somente poucas delas.

    2.Nenhuma delas é essencial e/ou suficiente para o diagnóstico.

    3.Nenhuma criança tem todos os sinais e nenhum sinal isolado é patognomónico.

     

    Dentre todas as características relacionadas, as mais frequentes e úteis ao diagnóstico no período neonatal são as seguintes:

    1.Hipotonia muscular

    2.Hiperflexibilidade articular.

    3.Excesso de pele no pescoço

    4.Face de perfil achatado.

    5.Fendas palpebrais inclinadas para cima

    6.Orelhas pequenas e/ou anómalas

    7.Clinodactilia de quintos dedos.

    8.Afastamento entre o primeiro e segundo artelhos, às vezes com uma prega vertical entre eles

    9.Arco tibial nas regiões halucais.

    10.Manchas de Brushfield

    Diante da suspeita clínica, solicite sempre o estudo cromossómico – cariótipo

     

    Curiosidades:

      • A pessoa com síndrome de Down mais velha do mundo, Dilmar Teixeira (1934-2007), com 74 anos.
      • Enquanto as crianças sem síndrome de Down costumam caminhar com 12 a 14 meses de idade, as crianças afectadas geralmente aprendem a andar com 15 a 36 meses.
      • É importante salientar que o ambiente amoroso e estimulante, intervenção precoce e esforços integrados de educação irão sempre influenciar positivamente o desenvolvimento destas crianças.
      publicado por Equipa do Blog às 11:16
      Quarta-feira, 02 de Junho de 2010

      Síndrome de Huntington

      HISTÓRIA

       

      A Doença de Huntington (DH) é uma doença hereditária rara degenerativa do cérebro.

      Esta doença é também conhecida por Coreia de Huntington devido a movimentos involuntários, como numa dança, que os doentes fazem. Coreia deriva do grego choreia, que significa dança.

       

      O nome da doença deve-se ao facto de ter sido o médico americano George Huntington que a descreveu em 1872, tendo sido o primeiro a identificar o padrão hereditário da DH. A sua descrição baseou-se na observação de famílias afectadas pela DH em East Hampton. EUA, onde Huntington residia e trabalhava como médico.

       

      Nos últimos anos registou-se um grande desenvolvimento no estudo das causas e efeitos da DH, assim como de terapias e técnicas para lidar e minorar os sintomas da doença. O gene responsável pela doença foi identificado em 1983 e com os progressos alcançados a partir da descodificação do genoma humano existem novas perspectivas e esperança da busca de tratamentos que possam cessar ou até reverter os efeitos da DH, bem como a eliminação da mutação genética que a causa.

       

      O estudo do cromossoma, que contem o gene responsável pela DH, permite saber da existência da doença mesmo antes de começarem os sintomas.

       

      DH - O QUE É ?


      Os cromossomas contêm genes, que são as unidades básicas da hereditariedade. Um gene é uma sequência de DNA (ácido desoxirribonucleico) que codifica um determinado aminoácido, que por sua vez vai codificar uma proteína quando junto com outros aminoácidos. O DNA é um polímero composto de nucleotídeos em forma de uma dupla hélice. Um nucleotídeo é uma molécula composta por uma base nitrogenada (adenina que faz para com a timina e guanina que faz para com a citosina) ligada a uma molécula de açúcar (desoxirribose) e um grupo fosfato. O DNA armazena a informação genética, que é “traduzida” numa sequência específica de aminoácidos, cada grupo de três elos da cadeia codifica a produção de um dos aminoácidos, os quais são as componentes que constituirão as proteínas. Cada proteína vai “traduzir” uma característica diferente, formando o denominado “código genético”.

       

      A hélice do ADN abre-se longitudinalmente quando uma parte desta molécula controla activamente alguma função da célula. Um ramo da hélice aberta fica inactivo enquanto o outro actua como modelo para formar um ramo complementar de ARN (ácido ribonucleico). As bases do ARN ordenam-se na mesma sequência que as bases do ramo inactivo do ADN, com a diferença de que o ARN, em vez de timina, contém uma base denominada uracilo. A cópia do ARN, chamada ARN mensageiro (ARNm), separa-se do ADN, abandona o núcleo, passa ao citoplasma da célula e une-se aos ribossomas, onde tem lugar a biossíntese das proteínas. O ARNm transmite ao ribossoma a informação sobre a sequência de aminoácidos de que necessita para construir uma proteína específica e o ARN transportador (ARNt), um tipo de ARN muito mais pequeno, conduz os aminoácidos ao ribossoma. Cada molécula deste ARN transporta e incorpora um aminoácido à cadeia da proteína que se está a sintetizar.

       

      Um gene contém a informação necessária para construir uma proteína. Os genes variam de tamanho segundo o tamanho da proteína e ordenam-se numa sequência específica nos cromossomas. Denomina-se locus a localização de cada gene em particular.

       

      Os seres humanos são seres diplóides (2n), isto é, herdam 2 vezes o conjunto de informação genética humano, querendo dizer com isto, que herdam 46 cromossomas, 23 cromossomas do progenitor feminino (n) e 23 do progenitor masculino (n).

       

      A DH é uma doença hereditária causada por mutações num gene e pode, portanto, ser transmitida de geração em geração. É também uma doença genética autossómica, isto é, pode afectar ambos os sexos, porque o gene “defeituoso” está localizado num cromossoma não sexual (autossoma ou cromossoma somático). As pessoas afectadas pela DH são, geralmente, heterozigóticas, o que significa que têm duas cópias diferentes do gene: uma cópia normal herdada do progenitor não afectado e uma cópia mutada herdada do progenitor afectado. Quando os 2 progenitores possuem o gene mutado, o que é raríssimo, os filhos podem ser homozigóticos, o que significa que herdaram duas cópias defeituosas do gene (uma cópia de cada um dos pais). A DH é também uma doença genética dominante, pelo que basta um dos cromossomas homólogos conter o gene defeituoso para que o indivíduo herde a doença, sendo a mutação no gene da DH dominante sobre a cópia normal herdada.

       

      A probabilidade de transmissão aos filhos (masculino ou feminino) da cópia mutada do gene é de 50 % para cada filho, isto é, se apenas um dos pais for portador do gene da DH, os filhos herdarão um gene normal e terão um risco de 50% de herdar o gene defeituoso do progenitor afectado. No entanto, isto não implica que metade dos filhos herde o gene da DH, mas sim que todos podem herdar ou pode não herdar qualquer deles. Caso ambos os progenitores sejam portadores de uma cópia mutada do gene, o que é extremamente raro, o risco de herdar o gene da DH aumenta para 75%.

       

      Como esta mutação é transmitida de pais para filhos, caso os filhos não sejam portadores não transmitirão a doença. É raríssimo haver novas mutações, isto é, aparecer uma mutação deste gene numa família sem qualquer antecedente da doença.

       

      O gene que causa a DH localiza-se no braço mais curto do cromossoma 4 (autossoma) e codifica uma proteína chamada huntingtina (Htt), cuja forma alterada provoca a morte das células nervosas (neurónios) em determinadas regiões do cérebro. Neste gene existe uma sequência de três nucleótidos, citosina-adenina-guanina (CAG), que codificam a glutamina (aminoácido que podem ser considerado o “combustível” do organismo e regula o nível de amónio nos tecidos) e se encontra repetida várias vezes (repetição trinucleotídica).

       

      Esta sequência tem geralmente menos de 20 repetições e é considerada normal até às 35 vezes, mas num indivíduo portador do gene Huntington existem mais de 36 repetições no gene “defeituoso”.

      Quando o gene da DH tem mais de 40 repetições CAG, a forma alterada huntingtina irá, provavelmente, provocar o aparecimento de sintomas.

      Verifica-se uma tendência para a mudança de tamanho das repetições de geração em geração. A repetição CAG herdada do pai tem mais probabilidade de aumentar do que de diminuir. Quanto mais elevado é o número de repetições mais cedo se poderão manifestar os sintomas. Um homem portador assintomático (até 39 repetições) pode transmitir aos filhos um maior número, porque parece haver possibilidade de estas aumentarem durante a produção de espermatozóides.

       

      A longo prazo o diagnóstico da DH é fatal. O desenvolvimento da doença é gradual e a esperança média de vida, desde a manifestação dos primeiros sintomas, é de 15 a 20 anos, variando de pessoa para pessoa e registando-se casos entre os 2 e os 43 anos.

      A doença só se manifesta quando surgem sintomas e o risco de estes aparecerem diminui com a idade.

       

      As funções do cérebro, que regulam a locomoção, o pensamento e a fala, deterioram-se gradualmente à medida que as células nervosas são danificadas e morrem. A parte do cérebro mais afectada é o corpo estriado (estrutura de gânglios localizada na região central do cérebro), que controla os movimentos e também está envolvido em processos cognitivos (intelectuais). À medida que a doença progride, ocorre uma destruição do córtex cerebral (massa cinzenta correspondente à camada mais externa do cérebro) que contribui para a deterioração da capacidade cognitiva. De um modo geral, a DH causa atrofia do cérebro inteiro.

       

      SINTOMAS

       

      Os primeiros sinais podem ser apenas ligeiras alterações de personalidade e de humor, episódios de esquecimento, descoordenação motora e movimentos bruscos aleatórios dos dedos das mãos e pés. Como estes sintomas podem ser causados por diversos factores e surgem lentamente e podem inicialmente ser apenas esporádicos, pode demorar anos até que a doença seja diagnosticada.

       

      Os primeiros sintomas surgem, geralmente, entre os 35 e os 55 anos. Em cerca de 10% dos casos aparecem antes dos 20 anos (DH juvenil) e em 5% só aparecem por volta dos 60 anos. São muito raros os casos em que os sintomas aparecem antes dos 10 anos (DH infantil). Depois dos 70 anos as hipóteses de aparecerem sintomas é muito reduzida, embora se registem alguns casos.

       

      Os factores que determinam a manifestação da doença são complexos e continuam a ser investigados. Geralmente quanto maior o número de repetições CAG mais cedo se manifestam os sintomas. Existem, contudo, outros factores que influem na idade de manifestação de sintomas, como outros genes e também factores externos.

       

      Os sintomas da DH aparecem, habitualmente, quando existem mais de 40 unidades CAG. Entre 36 e 39, os indivíduos podem ser afectados muito tarde ou mesmo nunca virem a apresentar qualquer sintoma. As repetições muito elevadas são típicas da DH juvenil. Na DH infantil é frequente haver mais de 80 repetições. Nos raríssimos casos de duas cópias mutadas do gene normalmente não se verifica o risco de os sintomas surgirem mais cedo, mas a progressão da doença pode ser mais rápida.

       

      Os sintomas da DH podem variar em extensão, gravidade, idade de manifestação e taxa de progressão de pessoa para pessoa, inclusive entre membros da mesma família. Por exemplo, em alguns indivíduos as alterações motoras podem ser mais evidentes na fase inicial e noutros esses sintomas só aparecerem numa fase mais avançada da doença.

       

      Quando os sintomas surgem antes dos 20 anos (DH Juvenil), a coreia é menos acentuada mas a lentidão de movimentos e a rigidez é mais notória e a taxa de progressão é mais rápida que nos adultos. Verificam-se grandes mudanças de comportamento, problemas de aprendizagem, diminuição do rendimento escolar e dificuldades na fala, podendo igualmente ocorrer ataques epilépticos.

      A DH caracteriza-se por uma combinação de alterações motoras (movimento), comportamentais/emocionais e cognitivas (intelectuais).

       

      Sintomas motores


      Os primeiros sintomas motores são a Coreia (movimentos involuntários), a lentidão nos movimentos voluntários (bradicinésia) e a contracção muscular prolongada (distonia), que se agravam à medida que a doença progride e afectam claramente a postura, o equilíbrio e o andar. Verificam-se frequentemente anomalias no movimento dos olhos e a fala torna-se gradualmente incompreensível. Surge igualmente dificuldade de deglutição, que se traduz posteriormente em perca de peso e debilidade. A descoordenação é devida ao mau funcionamento de estruturas do cérebro e cerebelo, afectando a força muscular e o equilíbrio (ataxia).


      zonas do corpo mais afectadas pela doença

       

      Sintomas Emocionais/Comportamentais


      As mudanças de personalidade e comportamento são frequentes: depressão, apatia, ansiedade, irritabilidade, explosões de raiva, impulsividade, comportamentos obsessivos-compulsivos e isolamento social. Verificam-se, por vezes, casos de delírio e alucinações. As alterações comportamentais ocorrem quando as amígdalas (situadas nos lobos temporais) não funcionam correctamente.

       

      Sintomas Cognitivos / Intelectuais


      As perturbações cognitivas (intelectuais) são graduais e envolvem a compreensão, o raciocínio, o julgamento e a memória. O raciocínio torna-se mais lento e verificam-se dificuldades de concentração, organização, planeamento, decisão e resposta a perguntas. Surgem problemas de memória de curto prazo, a redução da capacidade de assimilar e compreender novas informações, bem como de resolver problemas. Estes sintomas são causados por degeneração de células do hipocampo, que se localiza nos lobos temporais e transforma a memória de curto prazo em memória de longo prazo.

      Existe uma série de outros sintomas associados: perda de peso, perturbações do sono e incontinência urinária.

       

      A progressão da doença tem sido classificada em diversas etapas, conforme as equipas de investigadores da doença, mas basicamente existem três etapas bem distintas que descrevem a evolução da doença.

       

      INICIAL: É diagnosticada a doença. O doente pode perfeitamente continuar a fazer a sua vida normal.

       

      INTERMÉDIA: A capacidade do doente para desempenhar tarefas do dia a dia começa a reduzir-se, no entanto, continua a poder levar uma vida normal, embora com algumas dificuldades e limitações. Além da medicação deve ser iniciada fisioterapia.

      À medida que a doença progride, o doente deixar de poder trabalhar e realizar tarefas domésticas. Começa a ter dificuldade de raciocinar sem ajuda. Na actividade diária pessoal, ainda não está dependente de terceiros, precisando apenas de alguma ajuda. O apoio psicológico e a criação de rotinas é muito importante.

       

      AVANÇADA: Nesta fase, o doente já se encontra dependente para executar as suas actividades diárias, mas pode manter-se em casa com a ajuda da família ou de enfermeiros.

      Com a evolução da doença e a perda de mobilidade, de memória, a descoordenação de movimentos e impossibilidade de andar e alimentar-se, estes doentes começam, muitas vezes, a tornar-se agressivos e irritados. Necessitam de auxílio para tudo e de assistência constante e de cuidados médicos e de enfermagem permanentes. Nesta fase o doente já não sobrevive sem ajuda externa.

      Habitualmente os doentes morrem, não da DH em si, mas de complicações causadas pela doença, como engasgar-se, infecções, traumatismos provocados por quedas, etc.

       

       

      Saber que se é portador do gene mutado muda a vida em todos os aspectos. Permite e obriga a tomadas de decisão até aí não prioritárias. Os planos para o futuro têm que ser repensados e definidos em função da possibilidade do aparecimento dos sintomas, porque depois de estes surgirem poderá já não haver possibilidade de alterar ou decidir sobre aspectos do dia a dia. É necessário preparar o local onde reside para facilitar a mobilidade depois dos sintomas aparecerem ou mesmo decidir onde viver. Os temas de carácter financeiro têm que ser resolvidos antes que a doença o impeça. Qualquer decisão quanto a seguros de saúde e de vida, empréstimos bancários, etc., tem que ser tomada de imediato, porque após o aparecimento dos sintomas existirão muitos entraves e custos acrescidos. Planear antecipadamente “como/quem/onde” sobre todos os passos que terão de ser dados após o aparecimento dos sintomas.

       

      TRATAMENTO

       

      Infelizmente, não existe actualmente nenhum tratamento comprovadamente eficaz no combate às causas da DH. No entanto, o conhecimento sobre a DH tem aumentado muito nos últimos anos. Decorrem diversas investigações para tentar encontrar a causa desta mutação, bem como estudos com o intuito de encontrar tratamentos e/ou medicamentos que possam prevenir ou retardar a progressão da doença. Actualmente, existem diversas estratégias para tratamento em fase de investigação e espera-se que muitos estudos clínicos se iniciem em breve.

       

      Dos diversos tratamentos em investigação a nível experimental para impedir a progressão dos danos cerebrais, destaca-se o implante de células estaminais como tentativa de recuperação/substituição das células mortas (neurónios). Em alguns casos conseguiu-se que esses tecidos aumentassem e que as zonas afectadas diminuíssem, no entanto, não se conseguiu evitar a progressão da doença noutras regiões do cérebro, embora os sintomas motores e intelectuais tenham diminuído. Verificaram-se igualmente casos de rejeição e de morte dos tecidos implantados, sendo necessária muito mais investigação e experiências até que se possam encontrar soluções satisfatórias e definitivas aplicáveis aos doentes.

       

      O uso de antioxidantes como a coenzima Q10 e o tocoferol, de suplementos nutricionais como a creatina e a nicotinamida, além de restrição nutricional de ferro ou uso de quelantes de ferro, ajudam na prevenção da neurodegeneração.

       

      Foram igualmente feitas experiências, em animais, com injecções de cistamina e que resultaram numa melhoria dos sintomas de coreia e no prolongamento da esperança de vida em 20%.

       

      Em 2000, pesquisadores de Harvard trataram ratos com o antibiótico minociclina, que demonstrou ter efeito no bloqueio da produção de algumas enzimas, chamadas caspases e que levam as células cerebrais a cometerem suicídio. As experiências demonstraram um aumento da esperança de vida e um bloqueio na produção de 3 enzimas que parecem estar envolvidas na progressão da doença de Huntington: caspase-1, caspase-3 e a sintase induzida de óxido nítrico (iNOS). O bloqueio da iNOS permitiu descobrir mais uma parte do mecanismo causador da doença e eventualmente mais uma hipótese a desenvolver para deter a progressão da DH.

       

      Experiências, com ratos, evidenciaram que a libertação inapropriada de cálcio conduz à degeneração dos neurónios e que a utilização da enoxaparina previne e evita a morte das células. Nesse estudo verificou-se que a parte da célula nervosa que cria energia (mitocondria) liberta uma proteína através do poro (citocromo c) antes de morrer e que alguns antidepressivos (nortriptylina e desipramina) e um antipsicótico (trifluoperazina) bloqueiam o poro e impedem a morte das células nervosas. [1]

       

      Apesar de, presentemente, não haver cura para a DH, existem diversos tratamentos que ajudam a controlar os sintomas da doença (tratamentos sintomáticos) e a melhorar a qualidade de vida. Existem tratamentos farmacológicos (à base de medicamentos) e não-farmacológicos.

      Os tratamentos não-farmacológicos, como a psicoterapia, a fisioterapia, a terapia respiratória, a terapia da fala, a terapia cognitiva e a nutricional, podem melhorar tanto os sintomas físicos como os psicológicos da doença. Estas terapias têm proporcionado melhoras no estado de ânimo, coordenação motora, articulação da fala, equilíbrio, deglutição e na marcha. É também muito importante a intervenção de psicólogos, que possam ajudar os doentes e famílias a lidar com a doença a nível psicológico, sobretudo porque é extraordinariamente difícil “assimilar” um diagnóstico tão deprimente. Todas estas terapias combinadas permitem delinear estratégias que possam ter um impacto positivo durante a vida destes doentes.

       

      Os tratamentos farmacológicos compreendem todos os medicamentos usados para tratar os sintomas da DH. Existem diferentes opções de medicamentos para tratamento dos sintomas incapacitantes como; antipsicóticos contra a Coreia e bradicinésia; antidepressivos contra a irritabilidade, apatia, depressão e outras perturbações do humor; ansiolíticos (tranquilizantes) contra a ansiedade e hipnóticos contra a insónia.

      Muitos medicamentos podem causar efeitos secundários e alguns podem interagir com outros, por isso a mesma medicação pode ter efeitos distintos em pessoas diferentes. A medicação tem que ser determinada individualmente por um especialista, de acordo com os sintomas e respostas ao tratamento.

       

      As dietas ricas em vitaminas, coenzimas e outras substâncias (por exemplo creatina, coenzima Q10 e ácido eicosapentanóico) têm sido muito discutidas mas não estão comprovadas cientificamente. Nos estádios avançados da doença, a perda de peso pode ser um problema e uma dieta rica em calorias pode tornar-se necessária, pelo que deve ser consultado um nutricionista.

       

      Em Setembro de 2008, realizou-se, pela primeira vez em Portugal, a Conferência Europeia sobre a Doença de Huntington, da EHDN. Onde, Jorge Sequeiros, Group Leader da Unidade de Investigação Genética e Epidemiológica em Doenças Neurológicas do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto, informou que a DH já atinge 340 famílias portuguesas, num total de cerca de 1.200 doentes. Nesta reunião foram abordadas todos os problemas relacionados com a doença, nomeadamente a necessidade de assistência especializada para apoio de doentes e familiares, uma vez que “se trata de uma doença particularmente incapacitante, que implica graves encargos financeiros para as respectivas famílias, não só ao nível dos tratamentos que servem para amenizar a doença mas também no que diz respeito a assistência permanente necessária para o doente”.

       

      ORGANISMOS DE APOIO


      Existem várias organizações que oferecem ajuda a pessoas e famílias afectadas pela DH.

      Em Portugal existem, por exemplo, a Associação Portuguesa de Doentes de Huntington, criada em 2001 e reconhecida pela Segurança Social. A APDH tem como objectivo principal localizar dar apoio e orientação às famílias portadoras de DH e também: tornar conhecida a doença; aproximar portadores, familiares e pessoas envolvidas para troca de experiências e ajuda mútua; formar e orientar núcleos de apoio regionais; estimular pesquisas e formação de profissionais da saúde com conhecimento sobre a DH e conseguir dos órgãos de saúde pública, atendimento médico especializado. Os seus membros são voluntários e os seus programas são financiadas por contribuições de sócios e doações. A APDH é filiada na Internacional Huntington Association - IHA e na European Huntington Association - EHA de onde recebe orientação e informação sobre os progressos da pesquisa científica e faz também parte da Rede Europeia EHDN.

       

      O European Huntington’s Disease Network/Grupo Europeu da Doença de Huntington (EHDN/GEDH), tem como objectivos manter uma plataforma para facilitar o trabalho conjunto em toda a Europa, facilitando os estudos e ensaios terapêuticos. O site na Internet fornece, na língua de cada País, além de toda a informação disponível sobre a doença, os contactos do coordenador para cada País e os locais referenciados e respectivos contactos onde existem consultas e estudos, bem como toda a informação para a marcação de consultas. No site estão igualmente indicadas as organizações que podem ser contactadas em cada País. A EHDN tem o maior estudo europeu sobre a DH, o Registry, a que se pode aceder através dos centros indicados no site.

       

      ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM A DOENÇA


      As estratégias para lidar com a DH têm que ser elaboradas individualmente, dependendo da pessoa afectada, do estádio da doença e do contexto familiar. A DH manifesta-se muito gradualmente, o que permite um maior período de adaptação às mudanças causadas pela doença e uma melhor compreensão dos sintomas comportamentais e cognitivos. Convém que não só o doente mas também todos os que com ele vão lidar mais de perto se informem sobre a doença e procurem apoio especializado. A nível mundial, a DH afecta 8 a 12 em cada 100 mil pessoas.

       

      “DICAS” PARA AJUDAR DOENTES SINTOMÁTICOS DH


      Além dos conselhos e orientação da equipa médica e de terapeutas, podem ser adoptadas condutas que ajudem os doentes na sua vida diária, por forma a que se consiga minorar um pouco o impacto negativo da doença e permitir aos doentes sentirem-se minimamente integrados.[2]

       

      Comunicação:

      • Dar bastante tempo para responder a perguntas.
      • Dar sugestões e lembretes para estimular a pessoa a começar.
      • Oferecer uma lista de opções para ajudar a escolha. Em vez de perguntar "o que quer para o jantar?" perguntar "prefere hamburguer ou bife?"
      • Dividir as tarefas ou instruções em pequenos passos.
      • Se a pessoa estiver confusa, deve falar-se de forma mais simples, utilizando artifícios visuais para demonstrar o que se quer dizer.
      • Pedir, com calma, à pessoa para repetir as frases/palavras ou mesmo soletrar.
      • Utilização de abecedário em cartolina, cartões de resposta do tipo sim/não ou outros dispositivos de comunicação.

       

      Decisões e Memória:


      Elaborar rotinas que possam ser mais fáceis de iniciar e continuar sozinho. Manter as actividades diárias de acordo com a rotina elaborada.

      • Fazer listas que ajudem a organizar todas as tarefas necessárias numa actividade.
      • Oferecer escolhas limitadas e evitar perguntas subjectivas.
      • Propor sugestões para ajudar na recuperação de informação.

       

      Impulsividade:


      • Um determinado comportamento pode ser uma resposta a algo que precisa de atenção. Não se devem tirar conclusões precipitadas porque o doente pode não estar exaltado, mas sim a tentar pedir ajuda.
      • Manter sempre a calma. Isto ajudará a permanecer capaz de pensar e não reagir emocional e impulsivamente. Além disso, mantendo a calma, poderá ajudar o doente a ficar mais tranquilo.
      • Dizer à pessoa que gritar não é o melhor modo de obter atenção e indicar-lhe alternativas.

       

      Diminuir a irritabilidade e conter as explosões de temperamento:


      • Verificar as suas próprias expectativas relativas ao doente. Os familiares estão, por vezes, pouco dispostos ou impossibilitados de aceitar as novas limitações da pessoa.
      • Tentar manter o ambiente o mais calmo, estruturado e controlado possível.
      • Falar em voz baixa e suave. Evitar confrontações e ultimatos. Manter as mãos quietas. Não fazer grandes gestos.
      • Tentar identificar as circunstâncias que despoletem irritabilidade e explosões de temperamento e evitá-las.
      • Aprender a responder diplomaticamente, reconhecendo a irritabilidade do paciente como um sintoma de frustração ao lidar com a inconsciência ou por se aperceber da situação.
      • A família e os grupos de apoio podem ser valiosos no apoio emocional e podem ser excelentes meios para aprender e compartilhar as estratégias efectivas.

       

      Apatia:

      • Usar calendários, horários e rotinas para manter a pessoa ocupada.
      • Não interpretar a falta de actividade como " preguiça ".
      • Os doentes podem ser não conseguir iniciar actividades, mas podem participar se encorajados por outros.
      • Dar sugestões sobre o comportamento, mas aceitar o "não" como resposta.

       

      TESTES DE DIAGNÓSTICO

       

      Se existirem sintomas deve ser feito um diagnóstico clínico e um teste genético.

      Caso não se manifestem sintomas mas exista historial de DH na família deve ser feito um teste genético, porque o indivíduo pode ser um portador pré-sintomático do gene. Este teste permite determinar se um indivíduo tem “predisposição” genética para desenvolver uma determinada doença e/ou se é portador de defeito genético. Por vezes é difícil estabelecer uma história familiar, porque os pais da pessoa afectada podem ter morrido antes de terem sintomas da doença, mas serem portadores.

       

      O teste genético é feito em clínicas genéticas especializadas, através da recolha de sangue e posterior análise do DNA. Este teste determina o tamanho da repetição CAG do gene da DH e, portanto, detecta a mutação. O teste pode revelar se um indivíduo é portador da mutação da DH, mas não indica quando e se a doença se irá manifestar.

       

      Existem quatro tipos diferentes de resultados: abaixo de 27 repetições CAG é normal; entre 27 e 35 repetições é também normal, mas existe um pequeno risco de que ela aumente em gerações futuras; entre 36 e 39 repetições o resultado não é normal, mas existe a hipótese do indivíduo vir a ter sintomas muito tarde ou até mesmo nunca os ter; acima de 40 repetições o gene é sem dúvida defeituoso e a possibilidade de surgirem sintomas é mais elevada.

       

      As técnicas genéticas actualmente disponíveis permitem fazer o teste em fetos (dignóstico pré-natal), contudo, este tipo de teste depende dos critérios médicos e legais de cada país. Existem dois tipos de procedimento para o diagnóstico pré-natal: a amniosintése, que é um método no qual se colhe fluido amniótico contendo células do feto, através de uma agulha, normalmente depois da 14ª semana de gestação e a biópsia do córion, isto é, a colheita de tecido da placenta e que pode ser feita entre a 9ª e a 12ª semana de gestação, no entanto, esta técnica tem mais riscos para o feto.

       

      Embora viver com a informação de que se pertence ao grupo de risco da DH seja preocupante e traumático, é aconselhável estar preparado, informado e em alerta. Se houver conhecimento de antecedentes, por parte dos médicos, evitar-se-ão demoras no diagnóstico e haverá uma actuação mais rápida no tratamento dos sintomas.

       

      Convém que pelo menos os familiares mais directos sejam informados visto que estes doentes precisam de grande apoio físico e emocional. Se as pessoas não tiverem conhecimento da doença poderão não entender as alterações físicas e comportamentais e ignorar ou mesmo “gozar” com o doente. Por outro lado, o doente pode não se sentir à vontade para revelar a doença ou sentir-se “diminuído”. É, por isso, muito complexo aconselhar alguém a partilhar esse tipo de informação, porque as reacções variam de indivíduo para indivíduo, sendo aconselhável o apoio de uma equipa multidisciplinar (médicos, psicólogos, terapeutas) desde o início.

       

      No entanto, a partilha de informação pode ajudar na detecção de outros casos prováveis entre os familiares directos e permitir tomar algumas medidas e decisões atempadamente. O conhecimento da existência de DH na família permitirá  um estudo genético antes de ter filhos e evitar que esses venham a sofrer da doença.

       

      Existem métodos genéticos para que filhos de portadores do gene mutado da DH, independentemente de ser o homem ou a mulher, não o venham a herdar, nomeadamente, através do diagnóstico genético pré-implantação (DGPI) combinado com a fertilização in vitro (FIV). Os embriões são examinados antes da implantação no útero, sendo apenas implantados os que são portadores de cópias normais do gene. No entanto, este método só pode ser utilizado em países que o permitam.

       

      A DH pode afectar pessoas de todos os grupos étnicos, mas é mais comum entre europeus e seus descendentes, sendo a sua incidência praticamente a mesma tanto na Europa como em países com predominância de origem europeia como os EUA, Canadá e Austrália.

       

      CURIOSIDADES

       

      • O doente de Huntington mais famoso foi Woody Guthrie, famoso cantor e compositor de folk, falecido em 1967, aos 55 anos. Depois da sua morte, a viúva fundou a 1ª associação de DH no mundo.
      • O médico que o tratou nos últimos anos de vida  (Whittier)
      • escreveu “faziam-se autópsias nos cérebros das vítimas da doença
      • e certificava-se que estavam enormemente diminuídos como ‘melões podres’”. (Texto extraído e traduzido da biografia de Woody Guthrie, publicada em 1980).

       

       

      OBSERVAÇÕES

       

      No caso da doença de Huntington, não houve necessidade de pesquisar muitos sites, uma vez que tanto o site da Associação Portuguesa de Doentes de Huntington (APDH), como o da European Huntington’s Disease Network (EHDN) dispõem de muita informação. O que foi difícil foi a pesquisa de tratamentos, não para os sintomas, mas para a própria doença. Neste último caso os artigos estavam escritos em termos demasiado técnicos ou em inglês o que dificultava ou impossibilitava, por vezes, a sua compreensão.



      [1] Relativamente a tratamentos específicos, que não aqueles que tratam apenas os sintomas, existem diversos em investigação e experiência. No entanto, os artigos que os abordam são extremamente complexos e técnicos para que se possa tratar essa informação e inclui-la neste trabalho. A maioria dos artigos exigem conhecimentos científicos e/ou médicos para serem entendidos.

      [2] Dicas tiradas do “Guia Médico para o tratamento da Doença de Huntington” dos Drs. Ranen, Peyser e Folstein Em:  http://98.130.137.89/upadh/15/index.php?option=com_content&view=article&id=60:estrategias-de-condutas-para-doentes-de-huntington&catid=36:arquivo&Itemid=50

      publicado por Equipa do Blog às 21:34
      Terça-feira, 01 de Junho de 2010

      Leucemia

      Em que consiste?

        A leucemia é uma neoplasia maligna (cancro) que atinge o sangue mas que tem origem na medula óssea. A sua principal característica é uma proliferação anormal de células da medula óssea, que origina as células sanguíneas, e dependendo da linhagem dessas células ter-se-á o tipo de leucemia (mielóide ou linfóide).


        criança com leucemia

         

        Existem diversos tipos de leucemias, são todas malignas mas cada uma com características com prognóstico e tratamento diferentes, sendo, desta forma, o termo leucemia uma designação muito ampla. Os principais tipos de leucemia são:

        • Leucemia linfóide aguda: o tipo de leucemia mais frequente nas crianças;
        • Leucemia mielóide aguda: mais comum nos adultos;
        • Leucemia linfóide crónica: mais comum em idosos;
        • Leucemia mielóide crónica: mais comum em idosos.

          Sintomas:

            Como todas as células do sangue, as células da leucemia percorrem todo o corpo. Dependendo do número de células tumorais, e do local onde estas células se depositam, uma pessoa com leucemia pode apresentar sintomas variados:

            • Febre e suores nocturnos.
            • Infecções frequentes.
            • Sensação de fraqueza ou cansaço.
            • Dor de cabeça.
            • Sangrar e fazer hematomas (nódoas negras) facilmente.
            • Dor nos ossos e articulações.
            • Devido ao aumento do baço, há um Inchaço ou desconforto no abdómen.
            • Gânglios inchados, especialmente os do pescoço e das axilas.
            • Perda de peso.

             

            Tratamentos e locais de tratamento

              Muitas vezes, é útil elaborar, antes da consulta, uma lista das perguntas a colocar ao médico:

              • Que tipo de leucemia tenho eu?
              • Quais são as minhas escolhas de tratamento? Qual me recomenda? Porquê?
              • Quais são os benefícios esperados de cada tipo de tratamento?
              • Quais são os riscos e os possíveis efeitos secundários de cada tratamento?
              • Se eu tiver dores, de que modo me vai ajudar?
              • Quanto deverá custar o tratamento?
              • Como irá o tratamento afectar as minhas actividades normais?
              • Será que participar num ensaio clínico (estudo de investigação) seria adequado para mim? Se sim, pode ajudar-me nos contactos iniciais?

              Existem diversos tratamentos, dependendo do estadio da doença, do tipo de leucemia, da idade do doente, se a leucemia ja foi previamente tratada, e se há a possível presença de células tumorais no líquido cefalo-raquidiano.

               

              Quimioterapia

               

              A maioria das pessoas com leucemia faz quimioterapia, esta consiste na utilização de fármacos, para matar as células cancerígenas.

              As pessoas com leucemia, podem fazer quimioterapia de várias maneiras:

              • Administração oral: em comprimidos.
              • Administração endovenosa: através de uma injecção, dada directamente numa veia: IV ou endovenosa.
              • Através de um cateter (um tubo fino e flexível): colocado numa veia, geralmente na zona superior do peito; o catéter que fica colocado, é útil para doentes que necessitem de muitos tratamentos, pois os fármacos são injectados por aqui. Este método evita a necessidade de muitas injecções, que podem causar desconforto e danificar as veias e a pele da pessoa.
              • Através de uma injecção administrada directamente no líquido cefalo-raquidiano: Se forem detectadas células tumorais neste líquido, o médico pode querer fazer quimioterapia intratecal; neste caso, os fármacos são administrados directamente no líquido cefalo-raquidiano. Este método é utilizado porque, muitas vezes, os fármacos administrados por injecção IV ou per os (pela boca), não chegam às células do cérebro nem da espinal medula (uma rede de vasos sanguíneos, filtra o sangue que vai para o cérebro e para a espinal medula; esta barreira impede que os fármacos cheguem ao cérebro).
                Estes fármacos podem ser administrados de duas formas:
                • Injecção na coluna: injecção dos fármacos na parte inferior da coluna vertebral.
                • Reservatório de Ommaya: as crianças, e alguns adultos, recebem a quimioterapia intratecal através de um catéter especial, chamado reservatório de Ommaya. É colocado o reservatório sob o couro cabeludo, e são injectados anti-cancerígenos no catéter. Este método evita o desconforto das injecções na coluna vertebral.

              A quimioterapia é, geralmente, administrada por ciclos de tratamento, repetidos de acordo com uma regularidade específica, de situação para situação. O tratamento pode ser feito durante um ou mais dias; existe, depois, um período de descanso, para recuperação, que pode ser de vários dias ou mesmo semanas, antes de fazer a próxima sessão de tratamento.

               

              Algumas pessoas com leucemia mielóide crónica, fazem um novo tipo de tratamento, chamado tratamento direccionado. Este tratamento, bloqueia a produção de células tumorais, e não atinge as células normais.

               

               

              Imunoterapia

               

              Em alguns tipos de leucemia, a pessoa faz imunoterapia. Este tipo de tratamento melhora as defesas naturais do organismo contra o cancro. O tratamento é administrado por injecção numa veia.

               

              Algumas pessoas com leucemia linfocítica crónica, recebem imunoterapia, utilizando anticorpos monoclonais. Estas substâncias ligam-se às células cancerígenas, permitindo que o sistema imunitário elimine as células tumorais, no sangue e na medula óssea.

               

              Por outro lado, alguns doentes com leucemia mielóide crónica recebem imunoterapia com uma substância natural, chamada interferão. Esta substância pode desacelerar o crescimento das células cancerígenas.

               

              Radioterapia

               

              A radioterapia usa raios de elevada energia, para matar as células cancerígenas. Para a maioria dos doentes, uma máquina dirige a radiação para o baço, cérebro ou para outras partes do corpo, onde se tenham depositado células tumorais. Alguns doentes fazem radiação dirigida a todo o corpo; a radiação total ao corpo é, geralmente, realizada antes de um transplante de medula óssea.

              Antes de iniciar a radioterapia, pode querer colocar algumas questões ao médico:

              • Porque é que preciso deste tratamento?
              • Quando têm início os tratamentos? Com que frequência serão administrados? Quando terminam?
              • Como me vou sentir durante o tratamento? Terei efeitos secundários? Quanto tempo irão durar? O que poderei fazer, em relação a esses efeitos?
              • Existem efeitos a longo prazo causados pela imunoterapia?
              • Que poderei fazer para cuidar de mim próprio, durante o tratamento?
              • Como saberemos se o tratamento está a funcionar?
              • Poderei continuar com as minhas actividades normais, durante o tratamento?
              • Com que frequência terei de fazer exames médicos?

              Transplante de células estaminais

               

              Algumas pessoas com leucemia, fazem transplante de células estaminais. Um transplante de células estaminais, permite o tratamento com doses mais elevadas de fármacos, de radiação ou de ambos. As doses elevadas, destroem tanto as células cancerígenas como os glóbulos sanguíneos normais da medula óssea. Mais tarde, a pessoa recebe células estaminais saudáveis, através de um catéter que é colocado numa grande veia, no pescoço ou na zona do peito. A partir das células estaminais transplantadas, desenvolvem-se novos glóbulos sanguíneos.

              Existem vários tipos de transplantes de células estaminais:

              • Transplante de medula óssea: as células estaminais provêm da medula óssea.
              • Transplante de células estaminais periféricas: as células estaminais provêm do sangue periférico.
              • Transplante do sangue do cordão umbilical: para uma criança sem dador, o médico pode usar as células estaminais do sangue do cordão umbilical. O sangue do cordão umbilical provém de um bebé recém-nascido. Por vezes, o sangue do cordão umbilical é congelado, para poder ser usado mais tarde.

              As células estaminais podem ser da própria pessoa, ou de um dador:

              • Auto-transplante: este tipo de transplante usa células estaminais da própria pessoa. As células estaminais são removidas, e as restantes células podem ser tratadas, para matar quaisquer células cancerígenas presentes. As células estaminais são congeladas e armazenadas. Depois de a pessoa receber doses elevadas de quimioterapia ou radioterapia, as células estaminais armazenadas são descongeladas e "devolvidas" à pessoa.
              • Transplante alogénico: este tipo de transplante, usa células estaminais saudáveis de um dador. O dador pode ser um irmão, uma irmã, um dos progenitores ou um dador não familiar, mas compatível. O médico faz análises sanguíneas específicas, para se assegurar que as células do dador são compatíveis com as da pessoa.
              • Transplante singénico: este tipo de transplante, usa células estaminais do gémeo (idêntico) saudável.

              Depois de um transplante de células estaminais, regra geral a pessoa fica internada, no hospital, durante várias semanas. Nestes casos, a equipa médica necessita de proteger a pessoa de qualquer infecção, até que as células estaminais comecem a produzir glóbulos brancos suficientes.

               

              Antes de fazer um transplante de células estaminais, pode querer colocar algumas questões ao médico:

              • Que tipo de transplante de células estaminais vou fazer? Se precisar de um dador, como vamos encontrar um?
              • Durante quanto tempo vou ter que ficar no hospital? De que cuidados vou precisar, quando sair do hospital?
              • Como saberemos se o tratamento está a funcionar?
              • Quais são os riscos e os efeitos secundários? Que podemos fazer acerca deles?
              • Que alterações terei que fazer nas minhas actividades normais?
              • Qual é a minha probabilidade de ter uma recuperação completa? Quanto tempo irá durar?

               

              Efeitos secundários:

               

              Tendo em conta que, provavelmente, o tratamento do cancro danifica células e tecidos saudáveis surgem, assim, os efeitos secundários. Alguns efeitos secundários específicos dependem, principalmente, do tipo de tratamento e sua extensão (se são tratamentos locais ou sistémicos). Os efeitos secundários podem não ser os mesmos em todas as pessoas, mesmo que estejam a fazer o mesmo tratamento. Por outro lado, os efeitos secundários sentidos numa sessão de tratamento podem mudar na sessão seguinte. O médico irá explicar os possíveis efeitos secundários do tratamento, e qual a melhor forma de os controlar.

               

              • Quimioterapia

              A quimioterapia afecta tanto as células normais como as cancerígenas.

              Os efeitos secundários da quimioterapia dependem, principalmente, dos fármacos e doses utilizadas. Em geral, os fármacos anti-cancerígenos afectam, essencialmente, células que se dividem rapidamente, como sejam:

                • Células do sangue: estas células ajudam a "combater" as infecções, ajudam o sangue a coagular, e transportam oxigénio a todas as partes do organismo. Quando as células do sangue são afectadas, havendo diminuição do seu número total em circulação, a pessoa poderá ter maior probabilidade de sofrer infecções, de fazer "nódoas negras" (hematomas) ou sangrar facilmente, podendo, ainda, sentir-se mais fraca e cansada.
                • Células dos cabelos/pelos: a quimioterapia pode provocar a queda do cabelo e pelos do corpo; no entanto, este efeito é reversível e o cabelo volta a crescer, embora o cabelo novo possa apresentar cor e "textura" diferentes.
                • Células do aparelho digestivo: a quimioterapia pode causar falta de apetite, náuseas e vómitos, diarreia e feridas na boca e/ou lábios; muitos destes efeitos secundários podem ser controlados com a administração de medicamentos específicos.

              Alguns fármacos anti-cancerígenos podem, ainda, afectar a fertilidade, feminina e masculina.

              No caso das mulheres, se os ovários deixarem de produzir hormonas como, por exemplo, os estrogénios, poderá apresentar sintomas de menopausa: afrontamentos e secura vaginal. Os períodos menstruais podem tornar-se irregulares ou mesmo parar podendo, ainda, ficar infértil, ou seja, incapaz de engravidar. Se tiver idade igual ou superior a 35 anos, é provável que a infertilidade seja permanente; por outro lado, se permanecer fértil durante a quimioterapia, a gravidez é possível. Os homens podem parar de produzir esperma. Como estas alterações podem ser permanentes, alguns homens congelam e armazenam os seus espermatozóides, antes do tratamento. A maioria das crianças que fizeram tratamento para a leucemia parecem ter uma fertilidade normal, quando crescem. No entanto, dependendo dos fármacos e das doses usadas, e da idade do doente, alguns rapazes e raparigas podem vir a ser inférteis, quando adultos.

               

              Como não são conhecidos os efeitos secundários da quimioterapia, no feto, antes de iniciar o tratamento deverá sempre falar com o médico, relativamente à utilização de métodos contraceptivos eficazes.

               

              Tendo em conta que os tratamentos direccionados (por vezes usados para a leucemia mielóide crónica) afectam apenas as células cancerígenas, provocam menos efeitos secundários do que a maioria dos outros fármacos anti-cancerígenos.

              • Imunoterapia

              Os efeitos secundários da imunoterapia dependem do tipo de substâncias usadas e variam de doente para doente. É comum haver erupções cutâneas ou inchaço, no local da injecção. Também podem ocorrer sintomas do tipo da gripe. A equipa médica pode monitorizar o sangue, para detectar sinais de anemia e de outros problemas.

              • Radioterapia

               

              Durante a radioterapia, poderá sentir-se muito cansado, particularmente nas últimas semanas de tratamento. O descanso é importante, mas, geralmente, o médico aconselha as pessoas a manterem-se activas, dentro do possível.

              Os efeitos da radioterapia, na pele, são temporários, e a zona irá sarar, gradualmente, assim que termine o tratamento. Pode, no entanto, haver uma alteração duradoura na cor da pele. Se também for administrada quimioterapia, em simultâneo, os efeitos secundários podem ser agravados. O médico poderá sugerir formas de atenuar estes efeitos.

                • Transplantes de células estaminais

              As pessoas com leucemia, que fazem transplante de células estaminais, podem ter infecções e perda de sangue. Adicionalmente, em pessoas que recebam células estaminais de um dador, pode haver rejeição, chamando-se "doença do enxerto versus o hospedeiro" (GVHD). Nesta situação, as células estaminais doadas "atacam" os tecidos da pessoa que as recebe. Geralmente, esta doença (GVHD) afecta o fígado, a pele ou o aparelho digestivo; pode ser grave, ou até fatal, e pode ocorrer em qualquer altura depois do transplante, mesmo anos mais tarde. Há medicação que pode ajudar a prevenir, tratar ou controlar este processo de rejeição ( GVHD ).

               

              Cuidados:

               

              A leucemia, bem como o seu tratamento, podem provocar outros problemas de saúde, como infecções, anemia e hemorragias. Para prevenir ou controlar estes problemas, e para melhorar o conforto e qualidade de vida da pessoa, durante o tratamento, podem ser prestados cuidados de suporte. Para prevenir as infecções, podem ser administrados antibióticos e outros fármacos, como factores de crescimento das células do sangue. Nesta fase, é conveniente evitar multidões, pessoas com constipações e outras doenças contagiosas; se uma infecção se desenvolver, pode ter consequências graves: deve ser tratada imediatamente. Para fazer o tratamento, a pessoa pode ter necessidade de ficar hospitalizada. Para tratar a anemia e as hemorragias, pode ser necessário receber transfusões de glóbulos vermelhos, para os ajudar a ter mais energia, e transfusões de plaquetas, para reduzir o risco de hemorragia grave.

               

              Os cuidados dentários também são muito importantes. A leucemia e a quimioterapia podem tornar a boca sensível, com propensão para infecções e maior facilidade em ter hemorragias. Geralmente, os médicos aconselham a pessoa a fazer um exame dentário completo e, se possível, a fazer os tratamentos dentários antes de iniciar a quimioterapia. O dentista explicará o que deve ser feito, para manter a boca limpa e saudável, durante o tratamento.

               

               

              Teste de diagnóstico:

               

              Se uma pessoa apresenta sintomas que sugiram leucemia, o médico tem que proceder a uma observação cuidadosa, e pedir todos os exames complementares necessários, bem como perguntar acerca da sua história clínica e familiar.

              Os exames e análises para diagnóstico, podem incluir:

              • Exame físico: o médico observa a pessoa, para verificar se existem alterações, por exemplo, dos gânglios linfáticos, do baço e do fígado.
              • Análises sanguíneas: o laboratório faz a contagem de células do sangue. A leucemia causa uma grande elevação da contagem dos glóbulos brancos, ou diminuição dos mesmos . Também provoca níveis baixos de plaquetas e hemoglobina. Através da análise do sangue, no laboratório, também pode verificar-se se a leucemia afectou o fígado e os rins.
              • Biópsia: o médico remove uma porção de medula óssea, do osso da bacia; a amostra é analisada ao microscópio, por um patologista. Uma biópsia corresponde à remoção do tecido ósseo, para verificação da existência de células cancerígenas. A biópsia é o único método seguro de saber se as células tumorais se encontram na medula óssea. Existem dois processos para obter medula óssea. Algumas pessoas farão os dois procedimentos:
                • Aspiração da medula óssea: o médico usa uma agulha, para remover amostras de medula (interior do osso).
                • Biópsia da medula óssea: o médico usa outro tipo de agulha, para remover um pedaço de osso.
                A anestesia local ajuda a sentir menor desconforto.

               

              • Citogenética: no laboratório, são feitas análises aos cromossomas de células colhidas de amostras de sangue periférico, de medula óssea ou de gânglios linfáticos.
              • Punção lombar: o médico remove algum líquido cefalo-raquidiano (líquido que preenche o espaço dentro e em redor do cérebro e da espinal medula). O médico usa uma agulha fina, para remover líquido da coluna vertebral. O procedimento é realizado com anestesia local. Depois, a pessoa tem que permanecer deitada, na horizontal, durante algumas horas, para evitar que tenha dores de cabeça. O líquido é analisado, num laboratório, para detecção de possíveis células tumorais ou outros sinais de patologias.
              • Radiografia ao tórax: os raios-X são importantes para avaliar indirectamente os pulmões e o coração.

              Antes de fazer uma aspiração ou uma biópsia de medula óssea, pode querer colocar algumas questões ao médico:

              • Vai fazer a colheita da amostra de medula da anca ou de outro osso?
              • Quanto tempo demora este procedimento? Estarei acordado? Vai doer?
              • Quando terá os resultados? Quem mos vai explicar?
              • Se eu tiver leucemia quem vai falar comigo acerca do tratamento? Quando?
              publicado por Equipa do Blog às 12:14

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